Uma história para dormir sobre bondade e magia!
Era uma vez, em um reino distante onde as flores desabrochavam o ano todo e os pássaros cantavam melodias de esperança, uma jovem de coração puro chamada Cinderela. Ela não sempre fora conhecida por esse nome; outrora, fora chamada de Ella, e vivia em uma casa feliz com seus pais. A vida, porém, tece fios inesperados. Quando sua mãe adoeceu gravemente, seus últimos suspiros foram um pedido: “Meu amor, prometa-me que será sempre bondosa e corajosa.” E Ella prometeu.
Seu pai, um comerciante rico, na esperança de dar uma nova mãe a Ella, casou-se novamente. A nova esposa chegou trazendo consigo duas filhas, Anastácia e Drisella. Por um breve período, houve uma sombra de felicidade. Mas a tragédia tornou a bater à porta, e o pai de Ella faleceu subitamente, deixando-a à mercê da madrasta. Foi então que a luz se apagou na vida da jovem. A madrasta, revelando sua verdadeira natureza cruel e invejosa, tomou conta da casa e da fortuna da família. Ella foi expulsa de seus aposentos, obrigada a vestir trapos e a dormir no frio e poeirento sótão, perto das cinzas da lareira. Por causa disso, as irmãs cruéis começaram a chamá-la de “Cinderela”.
— Cinderela! Traga nosso café!
— Cinderela! Lave estas roupas!
— Cinderela! Limpe este chão!
Os dias de Cinderela se transformaram em uma sucessão interminável de tarefas.

Ela esfregava, lavava, cozinhava e atendia a todos os caprichos de sua madrasta e meias-irmãs. Mesmo quando as cinzas sujavam seu rosto e o cansaço pesava seus ossos, ela mantinha o coração leve, cantarolando baixinho e fazendo amizade com os pequenos animais que viviam no jardim: os ratinhos, os pássaros e os lagartos.
Eles eram sua única companhia e consolo. Ela nunca quebrou sua promessa: permanecia bondosa, mesmo quando o mundo era cruel com ela.
O Convite do Príncipe
Um dia, uma notícia eletrizou todo o reino. O Palácio Real estava organizando um Grande Baile! O próprio Príncipe Herdeiro, em idade de se casar, estaria lá, e todas as jovens solteiras do reino estavam convidadas. O objetivo era que o príncipe encontrasse uma esposa. A madrasta e as irmãs de Cinderela ficaram em um frenesi.
— Eu serei a escolhida! — gritou Anastácia, experimentando vestidos.
— Não, eu! O príncipe certamente se encantará por meus modos refinados! — disputava Drisella.
Cinderela, ouvindo a agitação, sentiu um friozinho de esperança no peito. Enquanto ajudava suas irmãs a se prepararem, ela reuniu toda a sua coragem e fez um pedido tímido à madrasta:
— Senhora… eu também gostaria de ir ao baile. Será que… haveria um vestido velho que eu pudesse usar?
A madrasta deu uma risada seca e cruel.
— Você? Ir ao baile? Uma criada coberta de cinzas? — suas irmãs riam às gargalhadas. — Imagina! Você não tem um vestido, nem sapatos, e muito menos um meio de transporte. Além disso, quem vai terminar de costurar nossos vestidos e pentear nossos cabelos? Fique aqui e cumpra seu dever.
Na noite do baile, Cinderela assistiu, com o coração apertado, enquanto a carruagem da família partia em direção ao palácio. Sozinha na casa silenciosa, as lágrimas finalmente rolaram por seu rosto. Ela se ajoelhou no jardim e chorou, não de raiva, mas de uma tristeza profunda. Foi então que algo mágico aconteceu.
A Fada Madrinha
Uma luz suave e cintilante começou a preencher o jardim. O ar cheirava a jasmim e açúcar. De repente, uma figura radiante apareceu diante dela. Era uma mulher gentil, vestida com tecidos que pareciam feitos de luz de lua, carregando uma varinha de condão.
— Não chore, minha criança — disse a mulher, com uma voz que soava como sinos. — Sou sua Fada Madrinha. E você vai ao baile.
Cinderela olhou, incrédula. A Fada Madrinha sorriu.
— Mas precisamos de alguns materiais. Traga-me uma abóbora grande, seis ratinhos e um lagarto.
Com a ajuda dos seus amigos animais, Cinderela trouxe tudo rapidamente. Com um toque da varinha e as palavras mágicas “Bibidi-Bobidi-Bu!”, a abóbora se transformou em uma carruagem dourada e brilhante. Os seis ratinhos tornaram-se seis cavalos brancos e elegantes. E o lagarto transformou-se em um cocheiro de libré, com um bigode imponente.
— E agora, para você, minha querida — disse a Fada Madrinha, tocando Cinderela com sua varinha.
Os trapos sujos de Cinderela se transformaram no vestido mais deslumbrante que alguém já vira, feito de um tecido azul celeste que brilhava com mil fios de prata. Nos seus pés, apareceu um par de sapatos de cristal, tão puros e transparentes que pareciam feitos de orvalho solidificado.

— Você é uma visão, minha criança — disse a Fada Madrinha, orgulhosa. — Mas lembre-se: esta magia tem um prazo. À meia-noite em ponto, tudo voltará ao que era. A carruagem, os cavalos, o cocheiro e seu vestido. Não se atrase!
Cinderela prometeu, seu coração batendo de alegria e apreensão. Ela entrou na carruagem e partiu em direção ao palácio, sentindo-se como se estivesse num sonho.
Ao chegar ao baile, uma onda de sussurros percorreu o salão. Quem era aquela princesa misteriosa e deslumbrante? Até sua madrasta e irmãs não a reconheceram. O próprio Príncipe, entediado com as investidas das outras jovens, ficou hipnotizado. Ele se aproximou e pediu-lhe para dançar. E naquela noite, eles dançaram como se fossem os únicos no salão. Para Cinderela, o mundo se resumia à música e ao sorriso gentil do Príncipe. Para ele, aquela jovem não era apenas bela; ela era gentil, inteligente e tinha uma luz especial nos olhos. Ele estava completamente encantado.
O tempo voou. De repente, Cinderela ouviu o relógio começar a badalar. BONG… BONG…
Eram os primeiros dos doze badalados da meia-noite!
— Eu tenho que ir! — ela exclamou, soltando-se dos braços do Príncipe.
— Espere! — ele gritou. — Ao menos, diga-me seu nome!
Mas Cinderela já corria, descendo a escadaria do palácio tão rápido quanto podia. Em sua pressa, um de seus sapatos de cristal se soltou e ficou para trás nos degraus. Ela não parou. Pulou dentro da carruagem, que já começava a se transformar de volta em abóbora, e fugiu para casa, chegando ao sótão exatamente quando a magia se dissipava, deixando-a novamente com seus trapos, mas com o coração cheio de uma alegria inesquecível.
O Sapato de Cristal
No dia seguinte, todo o reino comentava sobre a misteriosa princesa que havia fugido do baile. A única pista que o Príncipe tinha era um delicado sapato de cristal. Ele decretou que seus mensageiros percorreriam todo o reino, e toda jovem solteira deveria experimentar o sapato. A dona do pé perfeito seria sua noiva.
A notícia chegou à casa de Cinderela. Suas irmãs se prepararam freneticamente, tentando forçar seus pés grandes e ossudos dentro do sapato minúsculo, sem sucesso. Cinderela, assistindo de seu canto, sentiu o coração bater mais forte.
— Senhora — ela sussurrou para a madrasta —, posso eu também tentar?
— Você? — a madrasta zombou. — Não seja ridícula!
Foi então que o Grande Duque, o mensageiro real, ouviu o pedido. Lembrando-se das ordens expressas do Príncipe de testar todas as jovens, ele insistiu.
— As ordens do Príncipe são claras. Todas as moças devem experimentar o sapato.
Cinderela sentou-se e, com gestos suaves, deslizou o pé no sapato de cristal. Ele se encaixou perfeitamente, como se tivesse sido feito para ela. A madrasta e as irmãs ficaram boquiabertas, sem acreditar. Foi então que Cinderela tirou do bolso o outro sapato de cristal, provando, sem sombra de dúvidas, que ela era a bela jovem do baile.
Nesse momento, a Fada Madrinha apareceu novamente e, com um toque de sua varinha, transformou os trapos de Cinderela no lindo vestido azul. Ela estava mais radiante do que nunca. O Príncipe, que havia seguido seus mensageiros na esperança de encontrar seu amor, chegou à casa e, ao vê-la, soube que sua busca havia terminado.
— Era você — ele disse, com um sorriso que vinha da alma. — Eu sabia que te encontraria.
O casamento foi a celebração mais feliz que o reino já viu. Cinderela, com seu coração bondoso e sem rancor, perdoou sua madrasta e irmãs e convidou-as a viverem no palácio, longe dela, mas em paz.
E ela e o Príncipe governaram com sabedoria e compaixão, lembrando a todos que a verdadeira magia não está nas varinhas de condão, mas na capacidade de manter a bondade e a esperança vivas, mesmo nos momentos mais sombrios.
E assim, viveram felizes para sempre, provando que os sonhos mais doces podem, sim, se tornar realidade.
Que esta história para dormir inspire todas as crianças a sempre acreditarem na magia da bondade.








